domingo, 27 de dezembro de 2009

Sonho de Natal


Eu tenho um sonho. Um sonho de um verdadeiro Natal! Lanço o desafio e o compromisso de, no próximo ano, assistir à concretização deste sonho:

"Há renas lá fora, luzes de encantar por todo o lado. O jardim foi invadido pelas estrelas de Natal, todas as "minhas crianças" com os mais lindos e mágicos sorrisos e risos que cantam as canções de Natal mais conhecidas. Estes meninos e meninas estão acompanhadas dos seus pais, que os prepararam para um Natal diferente, para o verdadeiro Natal. Todos juntos, construimos uma grande árvore de Natal, enfeitada com o toque e imaginação de cada criança e ela vai brilhar, tanto que ofuscará todos os corações grandes e pequeninos. Tiramos uma foto, muitas fotos! Os presentes que rodearão esta árvore, foram trazidos pelos meninos e meninas para dar, para dá-los a outros meninos e meninas que não têm um Natal como nós - se calhar não têm família, provavelmente não têm presentes, talvez não tenham amigos, concerteza não sentem o conforto do amor - por isso, vamos todos dar-lhes estas prendas envoltas em papel de luz e brilho infantil. Levamos, também, comidinha bem gostosa, para um lanche de Natal em conjunto: as "minhas" crianças e pais, as "nossas, de ninguém" crianças e quem delas cuida. Vamos levar música e animação e vamos brincar todos. Vamos fazer Natal."

É um sonho que já me parece real. Este Natal será no dia 18 de Dezembro de 2010.

Postal de Natal

- "Mãe, compra-me um postal de Natal!"
- "Ok, mas é para quem ? Para um amigo, amiga, familiar ?!"
- "Para um familiar... Escolhe o que mais gostares!"
Assim fiz. E afinal, o postal era para mim. Dizia no envelope:
"Para a melhor, a maior, a mais boa, a mais maluca, para a Minha Mãe" - claro que, de imediato as lágrimas me envolveram e não li o interior até me sentir minimamente preparada. O conteúdo deixo p'ra mim, gravado no meu coração, que ficou do tamanho do mundo quando li gratidão, amor, humildade, sinceridade e sensibilidade. É isto o melhor de ser Mãe, esta compensação que me mantém no caminho de fazer o meu melhor, dar tudo o que sei como sei, ser eu própria e, sem pudor, mostrar-me assim, eu mesma. A verdade é mesmo o melhor que se pode mostrar aos filhos, ainda que a tendência seja a de os proteger. Mas não os substimo, eles percebem tudo, eles vêem sempre tudo com a mais pura e profunda clareza. Esta mensagem que recebi é também um sinal e um compromisso, também me faz reconhecer falhas que tenho que limar.
No final de uma semana, tão intensa de emoções: por ter recebido o melhor presente de Natal, através da dádiva; algumas revoltas por não conseguir estar com todas as pessoas de quem gosto muito, por identificar a lacuna gritante quando se tenta dignificar uma pessoa, pelo direito que lhe assiste pela condição de ser humano, e de ser tão difícil fazê-lo; recebo o postal de Natal da minha vida, uma lufada de ar fresco. E fez-se magia... a magia de um postal de Natal!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Rapazes Nus a Cantar

Quem disse que eu, que até me considero uma pessoa "open minded", sou desprovida de qualquer preconceito ou tabu? Quem disse que aceito a diferença sem questionar ? Quem disse que não sinto o choque do confronto? Dizia eu, sim. O que é certo é que me senti intimidada e com vergonha.
Fui ao teatro ver uma peça porque o nome era sugestivo: homens, nus num palco, nem sabía a fazerem o quê, a não ser cantar, porque o nome assim o explicita. Não havia qualquer outra expectativa do que... ver pilas ?! o quê ?! comprovar se era mesmo verdade?! descobrir como reagiria ?! era grande a curiosidade, pelo menos. Eis senão quando entram, julgo que 8 homens com as mãos a tapar as ditas, cantando e dançando... até aqui tudo mais ou menos. Quando os rapazes se mostram, ora bem, tossi, olhei para o lado, fingi que nem espreitava para apreciar, ri-me do riso de um grupo de idosas que pensei fossem cair p'ró lado, esforcei-me por manter o olhar na cara dos actores, tentei ao máximo focar-me nas vozes e nas suas habilidades a dançar, torci-me na cadeira vezes sem conta, mudando de posição. Enfim, habituar-me àquele cenário levou algum tempo até me sentir à vontade o suficiente para me focar nas ditas e inevitavelmente compará-las: de cores, formas e tamanhos diferentes, também elas parecem ter a sua própria identidade. Convenhamos: tentem lá imaginar um grupo de moçoilos, até jeitosos (bailarinos, muito trabalho naquele corpinho!), nus, aos saltos, a dançar, a cantar, a suar... Cenário interessante, não acham ? Por vezes ridículo, outras, cómico, outras até sensual.
O objectivo desta peça é chocar, mostrando a pila nas suas diversas facetas, em rábulas de nos fazer torcer de riso. A homossexualidade é protagonista, bem actual (já que até acabou de ser aprovada a lei que permite o casamento homossexual em Portugal). Gabo a coragem destes actores´e a sua irreverência e surpreendo-me a mim mesma, ao reagir de forma completamente inesperada ao confronto.
"Aqui, a nudez não se considera gratuita. Eles tiram as roupas para mostrar de que forma os homens se sentem despidos de cada vez que falam de si próprios. E é disso que se trata: de coisas de homens, que vão do amor e da sexualidade às idas ao ginásio ou à cerimónia da circuncisão."
"Juntos, em palco, não lhes falta entusiasmo. E hão-de cantar e dançar para quem os quiser ir ver: "Vá, venham aplaudir os rapazes que desfilam com mais uma canção, vamos lá despir esse vosso preconceito, neste musical estar sem roupa é respeito", cantam, quase no fim. Afinal, aqui, o público também tem de se despir - não de roupas, mas de inibições." in visao.pt

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Feliz Natal, Dinis!

Não me lembro de ter feito algo assim e é tão enriquecedor e entusiasmante que o meu coração quase explode!!! O Dinis é um menino com uma doença rara, filho de uma colega da prima Anabela, que conhece bem de perto este caso. Fui contagiada por esta prima e pela prima Catarina, que este ano, "embarcaram" num Natal diferente, um Natal que me parece bem mais bonito e grande. Por isso, agradeço-lhes o empurrão, porque compaixão sentimos sempre e vontade de ajudar também, mas iniciativa é mais difícil.

Este registo é, sobretudo, para o João, quando souber ler e entender:

1. Email ao pai do Dinis:

"Bom dia Paulo,

Sou prima da Anabela e tenho sido envolvida na história do Dinis. É extremamente compensador recebermos este grande presente de Natal que é a dádiva. Contribuir para que o Dinis possa usufruir do máximo bem estar e qualidade de vida é de facto o presente de uma vida.
Este singelo "presente" (50€ que transferi há pouco para a conta do Dinis) é de todos os amiguinhos do João e das educadoras e auxiliares da creche Os Pequenos Índios e é também um presente para todos estes meninos e meninas, que lhes vou fazer chegar e que espero que gostem!
O João não terá provavelmente ainda consciência do signifcado deste miminho (ainda que lhe vá mostrar este email e explicar-lhe) porque não tem ainda 3 anos, mas um dia saberá, até porque ele vai querer, concerteza, dar este xi-coração pessoalmente ao Dinis.
Desejo ao Dinis e a toda a família, muita esperança para o novo ano que aí vem e boa sorte! Um beijinho ao Dinis de todos nós.
Carla Lorvão
(subscrevem também este email o Flávio e a Maria - papá e mana do João)"

2. Email aos Pequenos Índios:

"Meus caros pequenos e grandes índios e índias,
Nem imaginam as voltas que a minha cabeça deu a pensar num presente de Natal para cada uma das grandes índias que toma conta do nosso Joãozinho. Eis senão quando me lembrei que o efeito de dar, é de facto o melhor presente.
E porque não dar o que se dá ?
E porque não dar a quem precisa mais ? Não falo apenas do contributo monetário que ajudará claro, nas pesquisas e intervenções necessárias para que, em termos de qualidade de vida, o Dinis possa sentir-se melhor. O contributo de todo o calor humano, de solidariedade, que este menino possa receber, valerá por milhões.
Por isso, e porque vos conheço um pouquinho, achei que iriam gostar muito deste presente de Natal que vos oferecemos, Vanda, Sofia, Sara, Isabel, Hélia e Joana, estendendo-o a todos os amiguinhos do João. O João enviou a mensagem abaixo ao Dinis que por certo irá adorar conhecer toda a tribo.
Apresento-vos também o Dinis e a sua história, através do seu site http://www.dinis.webnode.com/ e também poderão aceder aos links, abaixo, no email do pai do Dinis.
Como hoje vamos receber um grande presente vosso, na festinha de Natal, que por certo nos irá rasar os olhos de emoção, esta nossa lembrança para vós, segue para a troca :)
Feliz Natal e Excelente Ano de 2010
Grande beijinho a todos
Carla, Maria e Flávio"

3. Resposta dos Pequenos Índios:

"Em nome dos Índios e Índias desta escola, agradeço do fundo do coração.
E, não sei como, mas consegue sempre pôr-me lágrimas nos olhos, através dos seus pequenos grandes gestos, que fazem de si a pessoa “gigante” que é.
Um grande beijinho e obrigada.
Sofia, Vanda, Joana, Hélia, Sara e Isabel"

4. Resposta do pai do Dinis:

"Boa noite Flávio, Carla, João e Maria…
Estamos de lágrima nos olhos… é de facto maravilhoso saber que existem tantos coraçõezinhos, apesar de distantes, a pensar no bem estar do nosso menino.
Apesar de só terem 3 aninhos… estas crianças conseguirem encher o nosso peito de novas energias e conseguiram transmitir que a força não tem medida….sente-se e pronto!
Parabéns pela dedicação, pela coragem e pela forma como transmite ao pequeno João esta forma de se dar e de se amar.
Queríamos muito pedir autorização para colocarmos este LINDO presente no site do Dinis – seria uma honra muito grande.
Votos de um Santo e Feliz Natal e que Deus vos ajude… a nós tem-nos ajudado todos os dias… tem colocado nos nossos caminhos verdadeiros anjos!
Paulo, Sofia, Gonçalo e Dinis"

5. Resposta ao pai do Dinis

"Bom dia Paulo,
Nós é que agradecemos a inspiração. O desejo de que o Dinis fique bem é a voz que se ouve com maior intensidade, por isso, se tivermos que gritar, fá-lo-emos.
Uma vez que o postal tem a fotografia de muitos meninos, terei que pedir autorização na escolinha para averiguar junto dos pais se efectivamente se poderá publicar no site do Dinis. Nós gostaríamos muito que sim, e por isso, peço a colaboração das grandes Índias para fazerem o favor de questionar os papás.
Já agora acrescento que a creche Os Pequenos Índios gostaram também muuuiiiitooooo deste presente de Natal.
Mais uma vez, obrigada e até breve!
Carla, Flávio, João e Maria

domingo, 13 de dezembro de 2009

Generosidade

Não foi uma notícia de jornal que li ou uma reportagem de tv que vi, daquelas que me impressionam de tal forma que questiono ingenuamente incrédula: será que há realmente pessoas assim? Pois bem, há-as e bem perto! É assustadora a força da mágoa a manipular a mente, alterando perspectivas e levando-as para bem longe da razoabilidade. Poderão ser apenas palavras proferidas com tamanha dor, acompanhadas de uma raiva tão intensa que ouvi-las é já um verdadeiro filme de terror para mim. O bestial passa a besta numa abrir e fechar de olhos, os sentimentos mudam, as prioridades alteram-se, a realidade passa a ser outra. O desejo de vingança prevalece e eu, uma vez mais, sinto a desilusão.
É tão preciso ser-se generoso. Ser assim nobre, não digo que seja fácil, porque a generosidade representa uma atitude gratuita, mas quando se é generoso, também não se pensa em cobrança, por isso é a coisa mais simples do mundo. Basta um pouco de despojamento, e é bem mais proveitoso ocupar o pensamento e a energia à procura de soluções realmente eficazes do que perder tempo e criatividade a elaborar planos que mais não farão do que aumentar a instabilidade e dividir famílias. Mesquinhez poderá levar alguém ao 1º lugar do podium mas o verdadeiro problema subsistirá.
O melhor prémio será a consciência tranquila e o prazer de dar (afinal até há uma recompensa!). Só assim faz sentido para mim. Tempo, companhia, carinho, cuidado, dedicação. Amor. Ouvir, estar, compreender, ajudar. Amar. Tenho esperança que a luz aclare ideias e que tudo volte ao lugar, bem arrumadinho! Ouvi, mas não gosto de filmes de terror, por isso espero não vir a assistir a nenhum!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Incompreendida ou não entendida

Como é que ainda fico surpreendida com a incompreensão ou o não entendimento de mim por pessoas que mal me conhecem ou que, digo mesmo, que nada me conhecem?
Não deveria ser a sinceridade compensadora por si mesma? Não seria a transparência a moeda justa de troca pela confiança de outros? Cada vez mais me parece que não. Frustra-me e irrita-me. Provavelmente julgam-me cínica, falsa, mas como é isto possível?! Como é que consigo enganar assim certas pessoas ? Pessoas próximas, porém distantes, claro! Não pode ser, não consigo acreditar que a minha essência não seja reflectida, que eu não espelhe a minha verdade, que é pura e simples e completamente despojada de pejorativos interesses. Sou grata por ser e estar, pelos sorrisos e lágrimas que lisonjeiramente testemunho, pelo que me é permitido contemplar em gente, em sítios, em coisas. Em troca, respeitem-me como a uma anónima, é melhor do que inventarem sobre mim.
Constato que a prudência é o melhor aliado. Afinal, aquela transparência não é mais do que uma exposição que se revela nefasta. E cá estou eu, também a ser formatada, a deixar-me de lado para aproximar-me do estereótipo convencional e obter a aceitação, livre de preconceito. Cá estou eu a ouvir os outros conjecturarem sobre a minha pessoa, sem nada saberem dela. O que é certo é que os ouço e que acabo por ser manipulada. Fraca, também me canso de estar sempre na linha da frente em combate e cedo, provando mais um pouquinho do sabor da derrota. A irreverência também pede férias ou então é levada pelos anos que passam. Odeio negligenciar, mas preciso descansar…