quinta-feira, 16 de setembro de 2010

15 anos de Mãe

Há já 15 anos…
Lutei por ela e entrei nesta aventura. Recordo aquele primeiro momento, um fugaz, embora intenso, contacto. Corpo no corpo, pele na pele. Era a minha filha, o meu bebé. De pele branquinha e farta cabeleira negra, depois de penteada, parecia ter sido atingida por uma rabanada de vento. Fez-me rir, muito. Lembro-me do momento em que ma entregaram para eu cuidar, recordo ter olhado para ela e ter-lhe dito, muito baixinho: “Olá, eu sou a tua mamã e tu és a minha filha!” e logo de seguida pensei: “E agora, o que faço? Como é que se faz isto?!” Logo, logo, chegou o instinto o que me deixou perplexa. Além de tudo o que ouvimos durante a gestação, os conselhos que recebemos, os ensinamentos, os livros que lemos, há de facto muito que não vem nos manuais, há tantas outras coisas que são únicas, e é isto que é mágico.
E o amor? Não me venham com conversas. O deslumbramento por se estar grávida, a ideia de que um bebé vem a caminho, este chamado estado de graça, por si só, não representam o amor por um filho. Senti conscientemente o processo todo de construção e maturação deste amor: a apresentação, a paixão, e o amor a chegar aos poucos e a ficar grande, grande, até não caber mais. É o cuidado, o mimo, este instinto relacional de sobrevivência, a dependência, a admiração, a contemplação e então sim, acontece Amor. A partir daqui, é quase indescritível, até porque esta é uma característica da emoção, a par de irrepetível. Tem que se viver. A proximidade e a cumplicidade são uma conquista. Depois?! Depois crescem-lhe as asas e, aos poucos, quer voar, sozinha. E, apesar da angústia que se instala, importa deixar de lado este egoísmo maternal, e deixá-la ir, permitir que ela seja Ela, apenas iluminando aqui e ali o seu caminho, para tentar que não se perca.
15 anos já deve dar direito pelo menos a licenciatura. Ser Mãe é um desafio. Ser Mãe é a dádiva suprema. Ser Mãe da Maria é a vida da minha alma.
Parabéns minha filha!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Na praia

Está um calor, até na praia desconfortável! Fui obrigada a parar a minha entusiasmante leitura: uma intensa dor instalou-se na minha cabeça pela luminosidade de reflexo tão brilhante que mal conseguia abrir os olhos. Pus os óculos escuros, que detesto pôr na praia e deitei-me, obrigando-me a fechar os olhos, na tentativa de dissipar este mau estar. A sensação de estar na praia, de olhos fechados é qualquer coisa de fascinante, pelo detalhe que nos permite captar o sentido da audição. Os meus olhos são agora os meus ouvidos e, se é possível imaginar a praia da Manta Rota ao domingo, quase tão povoada como a da Nazaré, mais possível é imaginar a panóplia de conversas que, de chapéu em chapéu, de família em família, vão tomando conta deste meu sentido agora apurado:

· pela voz grave e trémula, percebo que se trata de 2 gerontes:
- Hoje a água está mais suja!
- Sim, está castanha e mais fria do que ontem!
(fiquei a saber o estado do mar que hoje, apenas tinha visto de longe e não provado!)

· ouço uma criança a chorar, a chegar perto, o pai vem logo atrás e a mãe, a ralhar:
- sinceramente, é preciso falares assim com o garoto?
- se fazes favor, amaina os teus ânimos e o teu stress… - diz o pai em voz alta que percebi ter-se ido embora pelo comentário, baixinho, proferido pela mãe à avó, não sei de que parte:
- ele já volta, não levou os chinelos, assim que chegar lá acima à rua, vai voltar para trás!
Conta, então, a mãe ao avô, o sucedido, já que a criança não se calara ainda:
- o garoto enrolou-se na onda e assustou-se e o pai achou que ele estava a chorar sem razão: “um homem não chora, estás agora a chorar por uma coisinha de nada!”
(e assim começa um traumazito: ouvi, mais tarde, o menino a dizer que não iria mais ao banho nesse dia e também o avô a dizer-lhe: ”um homem não chora nem tem medo De nada!”. Afinal, estes avós devem ser os paternos!)

· está uma mãe, que não parou, desde que chegou, de ralhar com a filha, por tudo e por nada. Até quando a miúda pediu água, ela respondeu em tom áspero:
- espera um bocado, agora vais secar-te e depois é que vamos buscar água!
- o raio da miúda, nunca pára quieta! (retorquiu o avô, quando a criança apenas começou a mexer nos seus brinquedos de praia)
(afinal, a não ser o meu primo Miguel, que criança sossega na praia?)

· ao lado foi chegando, aos poucos, uma família inteira, cheia de primos e primas, avós e tios e netos, em muito semelhante à Xaleirada. Estava um primo, careca e gordinho debaixo do chapéu que, pelo que ouvi, não é muito fã de ir a banhos, assim como alguém que conheço, mas correspondeu ao desafio da prima:
- oh Marlene! Tu sabes que me levas, só porque és a minha prima predilecta!

· a voz vinha do lado e era uma conversa ao telefone:
- môr, então? Vê lá se apareces! A tua filha já comentou que o mar hoje está como tu gostas. Umas ondas enormes!!!
(ou estive deitada muito tempo alheada da alteração do estado do mar ou então esta gente não sabe o que são ondas enormes, nunca foram à Nazaré! Tive que me levantar e olhar! E assim, a visão tomou novamente as rédeas! O que vale a dor de cabeça foi desvanecendo….)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulheres, Pessoas!

Esta condição de ser Mulher, que foi alcançada no tempo em que se era mulher, é motivo de celebração. O que aconteceu foi que nos transformámos em Super Mulheres. E só cada uma de nós conhece o peso desta responsabilidade e a ginástica que fazemos para que tudo corra sem percalços. E só nós sabemos como é difícil perdoar-nos pelas falhas. Mais do que o orgulho de ser Mulher, me orgulho daquelas Mulheres, há 150 anos que tiveram a coragem de lutar pela sua dignidade enquanto seres humanos. Este é o verdadeiro valor desta luta. Aquele exemplo de força e determinação é lembrado neste dia 8 de Março o que, para mim, funciona como um lembrete, para não me esquecer da importância de lutar por um todo em que todos têm direito a ser Pessoas.
A todas as Mulheres que fazem parte da minha vida, uma grande salva de palmas!!! Todas me passam agora pelo pensamento e a força que brota de cada uma delas é tal que até as fragilidades são empurradas, porque o único caminho é em frente. Só pode! São Mulheres, são Pessoas! Tomem lá um beijo e uma flor!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

40 anos

“Demasiado de uma coisa boa, é uma coisa maravilhosa”, Mae West
Muitos anos de vida são, para mim, uma coisa boa, eu quero demasiado desta coisa.
Mas convenhamos, 40 anos não são assim tantos anos de vida, apesar de já comporem um rico livro de histórias, uma compilação de experiências, um manual de vivências, (sem presunção).
Apaguei as luzes, a televisão e o facebook… a violência dos sons que vêm do exterior inspiram uma história de terror, mas não é por aí que pretendo seguir. Respiro fundo, vejo o sol, do qual nunca senti tantas saudades como este inverno, e encontro a luz que me guia por aqui, dentro de mim.
Dou de caras com a gratidão que hoje até se personificou, ao lembrar-me de tantas coisas boas que me rodeiam e que insistentemente é imperioso chamar até nós:
- a minha Maria que é a minha estrutura, o meu equilíbrio;
- o meu João que é o meu rejuvenescer, a minha infância, o meu brincar;
- o meu Flávio que é o meu desafio, a minha luta, a minha paixão irracional;
- os meus amigos de longa data que são a minha história;
- os meus amigos novos que são a minha inspiração e motivação;
- os meus pais que são a minha base, a minha antítese e a minha revolta;
- o meu irmão que é a minha admiração e o meu espanto, a minha distância;
- o meu trabalho que me põe à prova e me mostra capacidades emergentes;
- os meus colegas que são equipa num projecto de crescimento profissional;
- as minhas primas que são únicas, que são a minha dependência;
- a minha sorte que é o mapa que eu traço para a minha vida;
- o ar que respiro, o chão que piso, a flor que cheiro;
- a chuva que me molha, o sol que me aquece;
- cantar, dançar, carnaval;
- o cheiro a pão acabado de fazer, o sabor amargo do café;
- o bolo de iogurte que teimo em deturpar com chá de cidreira;
- a Oprah que me faz chorar, o dr.Oz e o resveratrol;
- as emoções que se me despertam, todos os dias;
- a fé no amor, que não se vê, que sinto por mim e que transpiro num desejo de dádiva e partilha…
tudo isto e tanto mais, me mantém viva, com 40 anos… Parabéns a mim, que mereço o privilégio do que já vivi e que acredito na longevidade da esperança.
São 4 da manhã, decidi que hoje iria viver o mais possível estas 24 horas acordada a fazer coisas de que gosto. Gosto de me enroscar no Joãozinho, quentinho, que está a dormir na nossa cama. Vou até lá e aproveito p’ra fechar os olhos por quase 2 horitas. Também gosto de dormir…
(O temporal continua lá fora…)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Aqui é o mar em que desaguo,
Este é o céu em que voo
O chão das minhas pegadas
Calmas ou aceleradas
A vida feita de sensações
O meu mundo de emoções

Aqui volto quando preciso
E há muito que o não faço
Talvez seja bom sinal
Ou será que não faz mal
Reter tudo aqui dentro
Durante todo este tempo?

Sim, tenho muito para dizer
Há uma lista de temas
Que preciso desabafar
E para que pares de cobrar
Esta minha longa ausência
Voltei…

Para manter a essência
Para corresponder
Há um compromisso pessoal
Uma agitação sem igual
Quero permitir testemunhar
E assim perpetuar…

O quanto avanço e recuo
Os caminhos que trilho
As escolhas que faço
Os esboços que traço
Dos meus sonhos e quimeras
Os meus medos das feras

Gostava que aqui estivesse tudo
Tudo o que eu represento
Aqui, neste porto seguro
O Amor derruba qualquer muro
Aqui, que nada mais me devolve
Do que a paz que resolve

Voltei… para ficar…






domingo, 3 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo!

Não sou ambiciosa.
Sim, tenho planos, pequenos desejos que gostaria de concretizar este ano.
Sim, tenho sonhos, sonhos que gostaria de ver transformados em projectos, mas estes vão demorar mais tempo até poderem ter rosto.
Queria tudo para ontem, sinto que há muitas urgências. E sinto um desejo enorme de constante inspiração. Por isso, o que mais anseio é a serenidade e a paciência, para mim e para os que me rodeiam.
2010 em paz e harmonia. Que o Amor seja rei, em cada dia, em cada decisão, em cada escolha, em cada palavra, em cada gesto. Que o Amor impere no coração de cada um de nós e nos acalente com muita esperança. Feliz Ano Novo!