quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Hoje sinto-me em baixo. Há coisas de mulheres que podem, hoje, justificar este estado de espírito. Numa tentativa de me elevar, fui dar um jeito ao meu aspecto exterior, mas em vão. Talvez aparentemente esteja melhor parecida, digamos, mas este sentir é igual. Já me tentei também dispersar em conversas com colegas, de temas diversos, mas o efeito é o mesmo. Volto sempre para o meu sítio, para o meu canto, meio enfiada. É um querer estar bem onde não estou; querer ir aonde não vou, qual canção do António Variações, toda ela define bem este meu estado de hoje, de inquietação e indefinição. Acho que tenho as energias em baixo, a precisar de carregar baterias. Anseio pela minha aula de yoga amanhã, é retemperadora, e o efeito só não é imediato porque a cama é o destino logo a seguir, mas no dia seguinte é perfeitamente visível a diferença.
Numa outra tentativa de me animar, comecei a escrever a crónica sobre o fim de semana motard, que é suposto ter alguma piada mas a coisa está-me a sair um pouco p’ró sério.
Enfim, entretanto, correram-me algumas coisas bem por aqui no trabalho e o jantarinho também se prevê em boa companhia. Amanhã estarei concerteza mais fresca!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Quando algo de diferente nos acontece, tendencialmente julgamos que pertencemos a uma comunidade rara. No entanto, é extraordinariamente interessante reparar que tantos navegam no mesmo mar dentro de barcos de uma mesma frota, diferenciados apenas pelo design exterior e identidade.
Estive, numa ocasião especial, com 8 Mulheres, em que, pelo menos, assumidamente, 6, passaram ou estão a passar por momentos de pressão sem tamanho. Ainda por cima, este estado é de tal forma manipulador que nos leva por caminhos escuros onde ao fundo não se vislumbra uma única luzinha. Pior ainda, torna cada vez maior este túnel ao ponto de se perder a lucidez e transformarmos uma guerra não nossa nas batalhas das nossas várias frentes: trabalho, família, amigos e nós, envolvem-se neste ambiente hostil e, ainda que tentemos proteger cada um destes exércitos, há um, forçosamente que perde. Perde sempre, porque fica um farrapo, porque não lhe dedicou o tempo e a atenção necessários para manter-se forte e apresentar-se nessas várias frentes realmente confiante. Em cada exército, somos os soldados e nessa guerra que não é nossa devemos lutar, sim, mas apenas quando estamos nesse campo. Baixando as armas, mesmo assumindo uma derrota, aquele exército chamado “nós” é o que tem que ser composto pelos soldados mais vigorosos, é neste que reside a aposta, para não se fragilizar perante os restantes. É este que tem que ganhar, sempre! O resto, será consequência. Não podemos deixar vencer esta estratégia, comum a todos os outros exércitos que é esta pressão a arrastar o “nós” para outro campo de batalha, para um nível bem mais difícil. Chegar aqui, à depressão, é não nos termos preparado convenientemente para combater o mais difícil dos guerreiros. Este é o inimigo a abater de vez, mas para não haver mortos e feridos, temos que defender o “nós” estrategicamente: não pelas armas, antes pela inteligência.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Orgulho que mata

Surpreendo-me quando assisto ao desgaste de relações por acção do orgulho. Já é tempo de travar este sentir que enterra cada vez mais fundo o ser humano até não mais se conseguir mostrar. Vê-se o fantasma, essa imagem ténue mas feia e assustadora que não se liberta daquele ser, mas que também teima em voltar p’ra ele.
O orgulho transfigura, transforma até à morte o ser belo, justo e inteligente. E faz perder a força e a vontade de continuar, de dar o melhor, de investir, de ceder e muito importante, senão vital, de olhar bem cá p’ra dentro e procurar a razão desta horrível opção de se ser orgulhoso, de não ser mais o próprio. Ser conscientemente inerte e concluir que não vale a pena é o maior sinal de fraqueza e ignorância.
Porque se continua a pensar que a humildade é humilhante? Que raio de interpretação é esta quando ser-se humilde apenas abre o coração para receber e para aceitar? É-se tão melhor quando se faz assim, quando se fala sobre a sua verdade. O que se deixa adivinhar pelos outros é baseado em atitudes e palavras que são falsas por causa desse malvado orgulho que camufla o ser-se verdadeiro.
Acredito na salvação pela partilha, pela verdade e sobretudo pela humildade. Irrita-me o facto de se desistir sem tentar o máximo, com a prévia noção do que se quer e simplesmente deixar tudo escorrer por entre os dedos, como se nada tivesse feito sentido. Irrita-me ainda mais o arrependimento porque este, este sim, é mais difícil de apagar.

Olhar


Olhar profundo.
Olhar p’ra dentro de mim.
Perturbador, invasor, incómodo.
Transparente, verdadeiro, doce.
Olhar reflector, espelho de mim.
Olhar interactivo. Pode ser um instrumento.
Que queres ver? Que procuras? Que questionas?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

As outras mães dos nossos filhos


Sou a única Mãe dos meus filhos. A que os gerou e os pôs neste mundo.
Mas depois, cá fora, há outras mães: que os ajudam a crescer, que testemunham tantas primeiras vezes que fazem ou dizem algo.
A primeira vez que o João comeu iogurte, eu não estava, não fui eu que lho dei, eu não vi.
O número zero, eu não lho ensinei, e ele já o sabe, já o reconhece.
A primeira vez sem fralda, eu não testemunhei (neste caso, ainda bem!).
Há muita coisa que nos passa ao lado, porque há outras mães que estão lá por nós, quando não estamos. E que tipo de pessoas são estas, a quem confiamos tão preciosos tesouros? Faz-me confusão algumas Mães manterem intencionalmente uma certa distância das educadoras dos filhos. O que beneficiam elas desta postura? Ora então, não será mais natural a aproximação com estas pessoas, estimular e fortalecer esta relação, para efectivamente percebermos quem são, como vivem, como pensam, o que sentem? As crianças recebem tudo delas. Quantas vezes me aparece o João com expressões novas, nunca ditas ou ouvidas em casa, literalmente absorvidas dessas outras mães.
Pois é, a maternidade até pode ser um acto egoísta: queremos tomar as rédeas de tudo, mas tal não é viável e nem saudável. O Pai também é uma dessas outras mães, quando a Mãe deixa. E até posso parecer falsa, mas adoro ouvir o João chamar ou chorar pelo Pai quando ele não está, conforta-me perceber que ele gosta e precisa do Pai. E tenho a certeza que o Pai também gosta de sentir o simples gesto ou expressão do João a dizer-lhe isso mesmo.
Esta minha exposição tem a ver com a minha relação com as pessoas que cuidam do meu filho e o acarinham durante tanto tempo que não estou com ele. São preciosas, estas mães, valorizo-as pelo seu trabalho e empenho e, claro, pelo amor que incutem ao abraçar esta nobre causa de cuidar dos nossos filhos. Confiei nelas e gostei delas. Confio agora nestas e gosto muito delas. O meu pequeno índio também.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mimo











Só me apercebo de como preciso tanto de mimo, quando efectivamente o recebo. Provavelmente, também, porque e quando há muito tempo não o recebo. Ou será que tenho simplesmente andado distraída? Julgo que não, porque, ora vejamos:
Ontem senti algo verdadeiramente emocionante, quando vi os meus 2 filhos entrarem-me pelo quarto dentro de tabuleiro com pequeno almoço na mão, da Maria, e um ramo de alecrim em flor do nosso jardim, que o Joãozinho me estendeu e cujo fresco odor perfumou o ambiente. Foi o melhor acordar de sempre!
Ontem também recebi um telefonema inesperado apenas para me dizerem “obrigado!” Fiquei surpresa por ter sido tão intencional e sentido e sobretudo por ter sido quem foi.
Também alguém me perguntou “como é que estava” de uma forma excepcionalmente interessada, não banal.
E já hoje me perguntaram se o meu astral estava em cima… se continuava a contagiar sorrisos à minha volta.
Estou a receber, a receber muito, a receber muito mimo. Sim, estou permeável, há alturas assim, ganhamos muita energia boa para depois no-la virem buscar. Por vezes é bom, partilhar e ter mimo de volta, outras vezes…. cuidado, ou fico sem nenhuma p’ra mim!!!


sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Minha querida filha,


Já não és do tempo em que se comunicava por carta com as pessoas que estavam longe. Hoje é o tempo da internet que aproxima maravilhosamente as pessoas em tempo real. Mas não podemos esquecer que os correios implementaram um serviço completamente inovador noutros tempos.
Lembro-me bem da minha avó Lídia me ditar cartas para enviar ao tio Anívele no Canadá e à tia Ana em França. Era delicioso ouvi-la: "Espero que esta carta te encontre bem de saúde que eu cá vou andando na graça de Deus...".
Lembro-me também de escrever às amigas que todos os anos ia fazendo nos meses de Verão, na praia da Nazaré.
Já p'ra não falar na emoção de receber correspondência: os postais a desejar Parabéns quando fazia anos e os intermináveis postais de Natal, que eu coleccionava.
Hoje é o Dia Mundial dos Correios, achei que o devia comemorar assim: escrevendo-te, à moda antiga, uma carta, que te vou enviar daqui a pouco, quando for aos correios comprar o selo. Espero que me contes as emoções que sentires quando a receberes.

Um grande beijinho da mãe, que muito te ama."

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

SSSSSSSSSSSSsssssshhhhhhhh.....

Tenho tanta sede e tantas vezes de silêncio.
Apercebo-me que, cada vez mais pessoas à minha volta, precisam também de se aquietarem, de se afastarem deste ruído que teima em envolver-nos. O mais curioso é que andamos inconscientes disto demasiado tempo, e até muito deste barulho somos nós a gerá-lo.
Acordamos então ao som da dor e do cansaço.
Esgotamo-nos.
Desgastamo-nos.
Cada vez mais me convenço que o envolvimento em nós mesmos, nem que por breves instantes, é um processo reparador. Ouvir-nos atentamente torna-nos mais lúcidos e prepara-nos para a algazarra que enfrentamos. Protege-nos qual escudo de ataques de terceiros. Impede-nos da distracção que tantas vezes procuramos, nessa necessidade constante de arranjar desculpas esfarrapadas para fugirmos de nós.
Abrigo-me em mim.
Escuto o meu silêncio.
Encontro o meu Eu.
Estou a ouvi-la a pedir socorro… ssssshhhhh… escute-se e sacie-se…

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

5 minutos...

Quantidade de tempo precioso!
Em 5 minutos tomo o pequeno almoço…
Em 5 minutos tomo banho…
Em 5 minutos me visto…
Em 5 minutos faço tantas outras coisas…

Que falta me fizeram hoje 5 minutos:
Para sair a horas de casa…
Para evitar o trânsito infernal da manhã…
Para a Maria não chegar atrasada…
Para não sentir tensão…
Para não sentir culpa…
Para não chorar durante 5 minutos…
Apenas e só 5 minutos!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Oooommmmm

O meu corpo não está saudável. A minha mente também não está no seu melhor.
Ontem comprovei-o. Aliás, a minha primeira aula de Yoga mo provou. Toda eu rangia, cada movimento em que o meu corpo tentava esticar até ao limite, percebi o quão aquém fica este limite. De uma forma expectante, percebi também o quão além pode ir. A forma como tomamos consciência do nosso corpo físico, produz um efeito de abstracção de toda a realidade. Em alguns momentos, consegui sentir este alheamento. Em outros, porém, a minha mente prendia-se na incapacidade de me contorcer. Interessante é também o enfoque na respiração: quantas vezes por dia pensamos neste mecanismo de inspiração/expiração que nos mantém vivos? O efeito aqui, é de relaxamento puro, porque de certa forma, forçamos o bom funcionamento deste processo e, em consequência, ganhamos um corpo mais oxigenado, logo, mais descontraído. Curioso ainda algumas posições contrariarem a normal postura do corpo com o objectivo de proporcionar uma maior oxigenação celular a pontos que naturalmente, pela habitual postura vertical, não são tão abundantemente irrigadas. A permanência em detrimento da repetição, nos exercícios, confere a cada postura a possibilidade de insistência na busca de bem-estar.
Em suma, o objectivo máximo do Yoga é sentir prazer na execução de cada Asana com um grande sorriso. Então, ligam-se o corpo e a mente em harmonia e equilíbrio. Estou longe, mas vou lá chegar e permanecer.

Oooommmmm