sexta-feira, 16 de outubro de 2009

As outras mães dos nossos filhos


Sou a única Mãe dos meus filhos. A que os gerou e os pôs neste mundo.
Mas depois, cá fora, há outras mães: que os ajudam a crescer, que testemunham tantas primeiras vezes que fazem ou dizem algo.
A primeira vez que o João comeu iogurte, eu não estava, não fui eu que lho dei, eu não vi.
O número zero, eu não lho ensinei, e ele já o sabe, já o reconhece.
A primeira vez sem fralda, eu não testemunhei (neste caso, ainda bem!).
Há muita coisa que nos passa ao lado, porque há outras mães que estão lá por nós, quando não estamos. E que tipo de pessoas são estas, a quem confiamos tão preciosos tesouros? Faz-me confusão algumas Mães manterem intencionalmente uma certa distância das educadoras dos filhos. O que beneficiam elas desta postura? Ora então, não será mais natural a aproximação com estas pessoas, estimular e fortalecer esta relação, para efectivamente percebermos quem são, como vivem, como pensam, o que sentem? As crianças recebem tudo delas. Quantas vezes me aparece o João com expressões novas, nunca ditas ou ouvidas em casa, literalmente absorvidas dessas outras mães.
Pois é, a maternidade até pode ser um acto egoísta: queremos tomar as rédeas de tudo, mas tal não é viável e nem saudável. O Pai também é uma dessas outras mães, quando a Mãe deixa. E até posso parecer falsa, mas adoro ouvir o João chamar ou chorar pelo Pai quando ele não está, conforta-me perceber que ele gosta e precisa do Pai. E tenho a certeza que o Pai também gosta de sentir o simples gesto ou expressão do João a dizer-lhe isso mesmo.
Esta minha exposição tem a ver com a minha relação com as pessoas que cuidam do meu filho e o acarinham durante tanto tempo que não estou com ele. São preciosas, estas mães, valorizo-as pelo seu trabalho e empenho e, claro, pelo amor que incutem ao abraçar esta nobre causa de cuidar dos nossos filhos. Confiei nelas e gostei delas. Confio agora nestas e gosto muito delas. O meu pequeno índio também.

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