terça-feira, 3 de novembro de 2009

Agora que vais...

Estava ali de volta dos tachos, quando a minha mente foi assolada por uma revista da minha vida de 8 anos em comunhão contigo. É impressionante como só neste momento, em que realizo efectivamente que vou ficar privada da tua companhia diária, essa realidade me é mostrada como tal, ainda que há já imenso tempo sei que vais.
Tantos momentos acordam da minha memória que nem sei já contextualizá-los ou datá-los. De colega a chefe, de chefe a colega, amigas, penso que a partir de determinada altura da primeira fase, fomos sempre. Algumas vezes mais ouvintes, outras mais íntimas, outras ainda mais disponíveis. Conheces-me bem, em tantas frentes, já pensaste ? Ouves-me diariamente a perguntar-te coisas: “como se faz isto ? como hei-de fazer aquilo ? onde encontro isto ou como pesquiso aquilo? questões às quais já me respondeste dezenas de vezes e, mais uma vez, pacientemente, me explicas tudo como se fosse a primeira vez; sentas-te ao meu lado para eu te contar o meu fim de semana; vamos tomar café p’ra me contares porque tens o coração a bater forte ou as mãos a tremer; avaliaste o meu desempenho no trabalho o que significa que tiveste que pensar em mim muito a sério; choraste timidamente ao pé de mim, em stress; escondeste o que não podias contar por imposição profissional – compreendi sempre, por incrível que pareça, e respeitei; partilhaste toda a tua vida comigo e eu a minha contigo. Somos alegres, brincalhonas, desbocadas e cuscas, somos companheiras e atrevidas, tu és cromita. Como eu admiro esse teu desejo de conhecimento e essa proactividade na permanente procura dessa satisfação, essa atitude de autodidacta que te faz ir à fonte e beberes de tudo até ficares embriagada de know-how (há aqui um 2º sentido nesta coisa dos copos!). Por vezes penso que és uma pessoa com capacidades subaproveitadas. Não era aqui que devias estar, não é este o teu lugar, mas por outro lado, ainda bem que por aqui andaste, porque tropecei em ti. Por tudo isto e muito mais, obrigada. Agora vem a parte mais difícil, que é manter um pouco disto que tivémos e alcancámos daqui em diante. Estes meus olhos que neste momento rasam e não conseguem conter uma lágrima bem gorda representam orgulho em ti, que vais seguir o caminho que escolheste. Boa sorte, do fundo do coração! E tanto fica por dizer...

(estas galinhas, podíamos ser nós... achei-lhes graça!)

3 comentários:

  1. Tenho-te dito algumas vezes, mas nunca as suficientes: és uma pessoa linda!

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  2. ... lindo. Daí o teu coração começar a palpitar novamente.
    Um xi
    C.

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  3. Admiro a forma como consegues transmitir todas as tuas emoções, tens razão as torres vão ficar mais vazias!

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